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website of the interview: http://ocantodovieira.blogspot.de/2016/10/vasco-dantas-representou-portugal-na.html?m=1

O Canto do Vieira

quinta-feira, 20 de outubro de 2016
Vasco Dantas representou Portugal Na China para uma audiência esgotada com 1500 lugares

O Vasco em três adjectivos é…
Curioso, empenhado, empreendedor.

Como descobriu a música?
Nunca houve músicos na minha família, nem mesmo amadores. Da mesma forma, pouco ou nenhum era o contacto dos meus pais com a música clássica. Quando tinha três anos formou-se um pequeno grupo coral na empresa onde o meu pai trabalhava, algo que motivou a sua curiosidade e o levou a juntar-se a esse pequeno conjunto vocal amador. Comecei a ir aos ensaios com o meu pai, que eram aos sábado de manhã. Certo dia o maestro José Manuel Pinheiro – o meu “padrinho” da música-, durante o intervalo do ensaio, ficou a observar-me e reparou que eu brincava com o pequeno teclado electrónico, que dava suporte harmónico ao coro, e que espontaneamente repetia as melodias que o coro tinha estado a ensaiar minutos antes. Assim, e com 4 anos, o piano já me estava destinado e os meus pais inscreveram-me na Escola de Música Valentim de Carvalho no curso Estrelita da Yamaha, com a Profª Margarida Marinho e Prof. Ricardo Fráguas.

E hoje, onde se encontra a estudar?
Actualmente estou a iniciar uma Pós-Graduação “Konzertexamen” na Universidade de Münster, na Alemanha. Nesta mesma Universidade terminei no passado mês de Julho os dois anos do “Master in Musik und Kreativität”, com nota máxima.

O que o fez sair de Portugal?
Curiosidade. Tinha 17 anos quando decidi candidatar-me às três principais Faculdades de Música de Londres: Trinity College of Music, Royal Academy of Music e Royal College of Music. Soube imediatamente que as três me convidavam para ingressar no ano lectivo seguinte. O ambiente e a experiência que vivi durante parte desse mês em Londres foi fantástico e voltei totalmente motivado e decidido em rumar a Londres para a Licenciatura em Música. A minha escolha recaíu no Royal College of Music, devido à panóplia de professores de piano disponíveis, e onde depois escolhi estudar com o prof. sul-africano Niel Immelman e o prof. russo Dmitri Alexeev.

Quem mais o marcou durante o seu percurso enquanto estudante?
Provavelmente aquela que foi minha professora de piano durante 10 anos, Rosgard Lingardsson, e que me acompanhou no meu percurso artístico desde os 7 anos até terminar o Conservatório de Música do Porto e ingressar no Royal College of Music, em Londres. A sua total dedicação, paciência, ajuda, qualidades artísticas e humanas influenciaram-me muito no meu desenvolvimento.

Tem tido o apoio merecido em Portugal?
Financeiro, nenhum.
Reconhecimento artístico, que também é uma forma de apoio, felizmente tenho tido bastante. Aproveito desde já para agradecer à edilidade de Matosinhos, minha terra natal, a facilidade que me deu em promover-me, em 2015, num concerto de piano no cine-teatro Constantino Nery, assim como a “Medalha de Mérito Dourada” com que fui galardoado.

A Arte é uma prioridade em Portugal?
Sinceramente, não acho que a Arte seja a maior das prioridades em Portugal, actualmente. No entanto, reconheço com satisfação que a importância da Arte tem vindo a melhorar na generalidade dos últimos anos, com a excepção de um último e pequeno período, ainda recente. O nosso país tem inúmeros aspectos e áreas, algumas prioritárias, onde tem ainda que combater as dificuldades existentes e penso que o tem vindo a fazer, devagarinho, e dentro das possibilidades reais. É muito difícil um país conseguir dar prioridade à Arte, quando tem tantos problemas de raíz económica que não dão grande espaço a outro tipo de debates. Mas, o cerne da questão, na minha opinião, passa por compreendermos e acreditarmos que muitos dos nossos problemas socio-culturais podem ser melhorados e ultrapassados, através de uma boa e eficiente instrucção artístico-cultural da população. Uma população com elevados níveis de conhecimento cultural constituirá rapidamente uma melhor, mais interessante e mais dinâmica sociedade e eliminará, automaticamente, muitos outros defeitos que à primeira vista podem parecer não possuir qualquer conexão temática com a Arte e a Cultura. Quando acreditarmos nisto, a Arte passará a ter um lugar mais previligiado em Portugal.

Livro preferido?
Deception Point, Dan Brown.

Disco?
Keith Jarrett – J.S.Bach: Goldberg Variations

Porque o resto do Mundo continua tão distante dos grandes intérpretes compositores portugueses?
Seguramente não é por falta de qualidade musical ou artística. Talvez falte, em parte, algum maior compromisso e promoção dos nosso artistas a começar logo nas salas de concerto nacionais. Não dando oportunidades de visibilidade e divulgação, em Portugal, aos novos artistas portugueses, torna-se ainda mais difícil que o seu trabalho e as suas obras venham a ser conhecidas e bem reconhecidas no estrangeiro. São de louvar acções de promoção artística nacional, tais como a da Fundação Calouste Gulbenkian que, recentemente, patrocinou um CD publicado pela Naxos “Portuguese Music For Cello And Orchestra” com obras integralmente portuguesas, de Luíz Costa, Braga Santos, Lopes-Graça e Freitas Branco, interpretadas pelo prestigiado violoncelista português Bruno Borralhinho.

Inspiração?
Tantas! Gould, Schnabel, Keith Jarrett, Dmitri Alexeev, Matsuev, Perahia, Arrau, Fazil Say e muitos outros músicos geniais da minha geração que já tive oportunidade de conhecer pessoalmente e conviver como colega de faculdade.

Qual foi a sua maior conquista até hoje?
Em Novembro de 2015 tive o privilégio em representar Portugal na China tocando a solo com a Hong Kong Symphonia o Concerto no.1 de Franz Liszt no Hong Kong City Hall, numa sala lotada (1500 lugares, arquitectonicamente uma cópia do London Royal Festival Hall) e um dos públicos mais acolhedores que já tive a sorte de encontrar.

Com a brilhante carreira que tem, certamente teria outras conquistas e reconhecimentos a nos contar…
Sim… tive o privilégio de abrir o prestigiado Ciclo de Piano EDP de 2011. Participei em círculos musicais de primeiríssima linha – recentemente o Círculo Richard Wagner possibilitou-me a visita ao Festival de Bayreuth-, e diversos festivais de Música nomeadamente Festival de Sintra, Festival Cistermúsica, Ciclo de Concertos no Palácio da Pena e Dias da Música no CCB. Frequentei diferentes mídia tais como Porto Canal, RDP-Antena 2 e 3 (que recentemente apoiou o meu 2º CD “Golden Liszt”).
Aproveito para destacar o Concurso de Interpretação do Estoril que participei e que me tem dado inúmeras oportunidades artísticas, as diversas Câmaras Municipais, tais como a do Porto, Amarante e Matosinhos, e por fim os Conservatórios de Música, em especial o Conservatório de Música do Porto, onde estudei durante 10 anos e por quem tenho um carinho especial.
E sem me alongar muito mais, aproveito para agradecer a outros músicos, artistas, colegas e ex-professores com quem já tive o prazer de trabalhar profissionalmente.

A sua maior decepção?
Já tive muitas decepções. Quando ocorre um episódio menos feliz, procuro sempre tentar compreender quais foram os erros envolvidos e, se possível, aprender alguma coisa com eles. Depois, costumo pegar na decepção, dobrá-la várias vezes até se tornar pequenina, colocá-la no chão e calcá-la, subindo mais um degrau.

Proximos projectos?
Concerto a solo com a “Junges Sinfonieorchester” de Aachen, interpretando o Concerto no.2 de Rachmaninoff, já em Novembro. Em 2017 adivinham-se novas experiências com diferentes conjuntos de música de câmara com concertos agendados em Portugal, Alemanha, Suécia e Rússia; Recitais de Piano no Palácio da Pena (Sintra), em Roma (Itália), na rádio Antena 2, na Alemanha e uma tour em Singapura e Tailândia agendada para Dezembro de 2017; Participação no grande Festival Música Júnior, em Julho, interpretando a solo a “Rhapsody in Blue” de G. Gershwin; Concertos a solo com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e a Orquestra Clássica do Sul durante o ano de 2017, mas ainda sem data definida.
Em termos académicos, prosseguir com a Pós-graduação em Piano Performance iniciada na Alemanha e terminar o Mestrado em Ensino da Música, e respectivo estágio, da Universidade de Aveiro.

Como podem os leitores acompanhar a sua carreira?
Através da minha página de facebook: “Vasco Dantas,Pianist” – www.facebook.com/vascopianist
Website: www.vascodantas.com

Adquirindo algum dos meus 2 CD’s a solo – “Promenade” e “Golden Liszt” – publicados pela editora espanhola KNS Classical, contactando por mensagem ou encomendando através do meu website.